Morreu nesta quinta-feira, aos 95 anos, em Pretória, o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. Enquanto lutava contra a infecção pulmonar que o levou, Mandela foi seguido pelas vigílias e melhores sentimentos de seus compatriotas. Ele morreu ao lado da família, às 20h50min (16h50min, em Brasília).
O anúncio foi feito quatro horas depois, e o pesar se estendeu ao mundo. Amigos, líderes que por ele foram inspirados e até mesmo rivais manifestaram tristeza pela partida e admiração por seu altruísmo e vontade de justiça. O funeral deve durar 10 dias - e, pela mesma quantidade de tempo, as bandeiras da África do Sul serão hasteadas a meio-mastro.
Na falta de uma palavra melhor... em seu leito de morte ele está nos ensinando lições. Lições de paciência, amor, tolerância disse na quarta-feira Makaziwe, filha do ex-presidente, em uma entrevista à emissora local SABC.
Mandela era um herói acima de facções, fronteiras e religiões. O orador que discursava para todos os tons e representava todas as cores, necessariamente juntas, deixou o mundo ao qual ensinou lições de aceitação do diferente.
O ícone da luta contra o apartheid completou 95 anos em 18 de julho, mas não resistiu aos graves problemas pulmonares decorrentes de uma tuberculose contraída na ilha de Robben Island, perto de Cidade do Cabo, onde passou 18 dos 27 anos de detenção durante o regime de segregação racial.
Com um currículo repleto de superlativos, Nelson "Madiba" Mandela era o protótipo do mito. Ainda assim ou até por isso , chegou ao fim da vida rechaçando a imagem de "santo". Pretendia ser apenas um "homem de família", que amargou, depois de aderir fugazmente à luta armada (dedicada a sabotar o regime racista) e voltar a rejeitá-la, o isolamento na prisão. Foi o primeiro presidente negro da África do Sul marcada pelo racismo do regime segregacionista que se impunha como modelo cultural. Enfim, devotou-se à bandeira da tolerância.
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